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Solingen, cidade alemã das lâminas

Tobias Jung31 de dezembro de 2005

Localizada às margens do Rio Wupper, na Renânia do Norte-Vestfália, a cidade com pouco mais de 160 mil habitantes é conhecida desde a Idade Média por sua tradição cuteleira, exportando facas e tesouras para todo o mundo.

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Schloss Burg: uma das principais atrações da cidadeFoto: dpa

Solingen está situada a sudoeste de Wuppertal e não muito longe da serra do Eifel, uma região elevada, na qual o visitante pode sentir leves tremores de terra de tempos em tempos. As tremedeiras ocorrem por conta do magma ainda ativo no subsolo da região, onde se pode encontrar, inclusive, crateras vulcânicas – atualmente formando lagos – deixadas por erupções de milhares de anos atrás.

Uma cidade afiada

Messer aus Solingen Firma Zwilling
Facas produzidas pela ZwillingFoto: dpa

A mais conhecida atração da cidade ainda é sua tradição cuteleira, que teve início há cerca de 700 anos, durante o período medieval. Solingen é o centro alemão dos instrumentos de corte, que são produzidos por diversas empresas de pequeno, médio e grande porte.

A mais conhecida delas, que goza inclusive de fama internacional, é a Zwilling J.A. Henckels, empresa atualmente representada em mais de 100 países do mundo. Fundada por Peter Henckels em 13 de junho de 1731 (no horóscopo, portanto, sob o signo de gêmeos = Zwillinge, em alemão), a Zwilling assumiu anos mais tarde o nome de um de seus descendentes, Johann Abraham Henckels, e tornou-se a marca de Solingen mais divulgada no ramo dos instrumentos de corte.

Cutelarias medievais

Solingen - Deutsches Klingenmuseum
Klingenmuseum: talheres, ferramentas cortantes, sinos e armas de metalFoto: dpa

Para quem se interessa pela história da produção cuteleira é possível visitar diversos museus, entre eles destacam-se o Industrie e o Klingenmuseum, com sua vasta coleção de talheres, ferramentas cortantes, sinos e armas de metal. Outros dois, entretanto – o Balkhauser Kotten e Wipperkotten –, mostram como as lâminas eram produzidas nos seus primórdios.

Os espaços eram antigas cutelarias (nesta região apelidados de "Kotten"), instaladas às margens do Rio Wupper, do qual elas podiam, com a força das águas, tirar a energia necessária para movimentar suas pedras de amolar. Em 1700 havia cerca de 100 cutelarias ao longo do rio e de seus adjacentes.

No Wipperkotten, um designer montou seu estúdio, no qual ele expõe ferramentas de corte antigas e outros objetos cortantes em metal bruto. No outro espaço, é possível observar como trabalhadores executam o trabalho ainda de forma caseira, como há centenas de anos.

Schloss Burg

O castelo à margem do Rio Wupper é um dos cartões postais da cidade. Antes de 1975, quando foi incluído à cidade de Solingen, Schloss Burg era uma municipalidade independente. Construído no século 12 pelo conde Adolf II von Berg, o castelo chegou a abrigar cerca de 1500 moradores por volta de 1880. Localizado no alto de um morro, pode-se subir de teleférico até seu centro, onde são realizadas apresentações no cenário medieval, fazendo dele um museu vivo.

Depois de passar por muitas reformas por causa das sucessivas destruições de parte da sua estrutura, o castelo hoje representa uma importante atração turística da região de Bergisches Land e conta com a visita de cerca de 250 mil turistas anualmente. Ele também é especialmente procurado para cerimônias de casamento.

Müngstener Brücke

Solingen - Müngstener Brücke
Müngstener Brücke, que liga Solingen a RemscheidFoto: dpa

Inaugurada em 15 de julho de 1897, a Ponte de Müngsten é a mais elevada construção de treliças metálicas do país, com uma altura de 107 metros sobre o Rio Wupper. Ela liga o município de Solingen à vizinha Remscheid através dos seus 465 metros de comprimento.

Sua estabilidade – com a ajuda dos soldados alemães, naturalmente – permitiu que ela sobrevivesse aos ataques sofridos durante a Segunda Guerra Mundial, algo que nem o próprio construtor poderia imaginar.

Em torno da ponte há muitas lendas, muito conhecidas pelos moradores de Solingen. A mais clássica delas fala do "suicídio" de seu construtor, Anton von Rieppel, que no dia anterior à primeira viagem, temendo possíveis erros de cálculo na obra, teria se jogado do alto da ponte. Ninguém sabe por que ou de onde veio essa história, já que está registrado que ele teria morrido anos mais tarde, em Nurembergue, de morte natural.

Incêndio criminoso

Mas a hoje pacata cidade também já foi manchete de jornais por razão bem menos nobre, motivo até de vergonha para o país. Trata-se do grave incêndio criminoso ocorrido mais de dez anos atrás, que vitimou cinco mulheres de uma família turca. Apesar do ocorrido, a família continua morando em Solingen, de onde afirma não querer sair.

Brandanschlag Solingen Rechtsextremismus Ausländerfeindlichkeit
Alojamento de estrangeiros incendiado por extremistas de direita, em 1993Foto: AP

Foi no dia 29 de maio de 1993, quando quatro jovens alemães, com idades entre 16 e 23 anos, atearam fogo à casa da família Genc, de origem turca, matando cinco mulheres, de 27, 18, 12, nove e quatro anos. O escândalo alcançou grande repercussão em todo o país e levantou novamente o debate sobre a xenofobia na Alemanha. A partir de 2000, diversos grupos se formaram para conscientizar a juventude sobre essa questão.

O trabalho mostrou resultado, pois depois de um longo trabalho junto à comunidade, Solingen passou a ocupar o último lugar em matéria de crimes de motivação de extrema-direita. Os responsáveis pelo atentado foram condenados a longas penas de prisão.